segunda-feira, 26 de outubro de 2009

MEC CONFIRMA: Pernambuco paga o pior salário do Brasil aos professores


Do G1,

Levantamento realizado pelo G1 a partir de informações do Ministério da Educação (MEC) mostra que os professores da rede básica de educação de 16 estados recebem salário inferior à média nacional, de R$ 1.527 mensais. (A primeira versão desta reportagem dizia que os salários eram menores em 15 estados. O texto já foi corrigido.)

Os professores do Distrito Federal são os mais bem remunerados – R$ 3.360, mais que o dobro da média brasileira. O Brasil tem 1,7 milhão de professores na rede básica de ensino. Os números se referem a 2008 e estão em um levantamento elaborado pelo MEC sobre a folha de pagamento média de professores das redes públicas municipal e estadual nos 26 estados e no Distrito Federal. Os valores já incluem gratificações e consideram a renda do trabalho padronizado para 40 horas semanais.
Em 2003, a média nacional era de R$ 994, o que revela um crescimento de R$ 53,6% na renda dos professores nos últimos cinco anos. Em relação a 2003, quando 19 estados remuneravam seus professores com valores inferiores à média nacional, houve uma pequena melhora dos salários.

O levantamento do MEC sobre a folha de pagamento dos educadores também mostra que o professor de Pernambuco é o profissional que recebe a pior remuneração: R$ 982. Em comparação com os R$ 3.360 mensais de média recebidos pelos professores do Distrito Federal, a diferença é de 242%. Para chegar a esses dados, o MEC cruzou dados do próprio ministério com informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Há cinco anos, os professores do Piauí, com R$ 539, tinham a pior remuneração, enquanto os profissionais de Pernambuco recebiam R$ 701. De 2003 até 2008, os educadores do Piauí viram a sua remuneração dobrar – hoje é de R$ 1.105 – enquanto os profissionais pernambucanos tiveram apenas R$ 281 de aumento.
Relatório

Leitores de diferentes regiões do país questionaram o levantamento divulgado nesta sexta-feira (16), segundo o qual o MEC apresenta a média salarial dos professores da rede básica de ensino no país. O G1 conversou com a autora do relatório, a consultora do MEC em São Paulo Fabiana Felício, para esclarecer o método adotado na definição da média. Fabiana explica que o MEC trabalhou apenas com dados do IBGE. Ela mensurou dados das respostas apresentadas por professores na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). “Separei os professores que responderam atuar nas redes de ensino básico municipal e estadual. A partir das informações repassadas por eles sobre salário e jornada de trabalho, foi que a média por estado foi elaborada”, explica Fabiana.

A consultora estipulou a carga horária de 40 horas para elaborar a média: “O marco foi as 40 horas. Tem professor que trabalhou menos e professores que trabalharam muito mais. Não fizemos nenhuma projeção, os dados são os mesmos que foram informados por 1,9 milhão de professores no Pnad.”

Fabiana constatou, a partir da pesquisa sobre os dados do Pnad, que os professores da rede estadual são melhor remunerados, se comparados aos educadores da rede municipal. O assessor do MEC, Nunzio Briguglio Filho, também defendeu o levantamento do ministério: “Esse levantamento não é fictício. Foi feito a partir do Pnad. Agora, se tem professor que ganha menos, se o prefeito não paga o que tem de pagar, não podemos fazer nada.”